Explorando temas.

Textos sobre temas polêmicos, política, humor e opiniões

terça-feira, 22 de junho de 2010

Crianças bondosas.

Chamada da Professora da sétima série de uma escola qualquer de São Paulo:

- Arthur (vulgo “Playboy” – seu pai dirige o carro mais caro de todos os pais da classe).

- Bianca (conhecida como Chewbacca, pois seus pelos nas costas cresceram antes).

- Bruno (também chamado de balão, caixa d’água, pirulito, dotado de uma cabeça grande).

- Fabiana (teve a infelicidade de ter miopia. Resultado: quatro olhos).

-Gustavo (rolha de poço, barril, bola...)

- Maria (“Boca de Sapo” – tem herpes a coitada).

- Pedro (neguinho, macaco, negão, preto...)

- Ricardo (viado,boiola, Ricarda...)

Miguel é o mais extrovertido e bonito da turma. Responsável pela maioria dos apelidos e seguido por seus amigos como beata segue padre.

Gosto de ver a bondade das crianças. São tão puras.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Varela


Ricardo Varela, recém formado na faculdade de Jornalismo, havia se cansado de procurar emprego nos veículos mais expressivos de imprensa. Decidiu, portanto, junto com um bando de amigos frustrados que nem ele, fundar uma revista – “A Crítica” será o nome dela, sendo Ricardo o encarregado das crônicas políticas.

E lá foi Ricardo Varela, cheio de gás, começar a trabalhar na revista recém fundada. Faltava-lhe, porém, inspiração para escrever algo realmente digno de ser publicado. Vou dar uma volta, almoçar e depois escrevo – pensou.

Revista nova, dia novo, restaurante novo, o ânimo merecia uma renovada na gastronomia rotineira. Lembrou-se de uma cantina perto de sua casa, também recém inaugurada, lugar ideal para a mudança de clima de Ricardo. “Famiglia Grassi” era seu nome.

No entanto, a experiência de Ricardo não deu muito certo. A recepcionista era arrogante, o garçom mal educado, a comida fria e ruim e a conta cara. Ao final, Ricardo reclamou para o caixa, que, com descaso, respondeu: “Todos que vem aqui gostam, deve ser alguma coisa com você mesmo”.

Ricardo ficou muito puto da vida pensando naquela besta daquele caixa filho de uma égua daquela merda de restaurante com aquela merda de recepcionista com aquele merda daquele garçom junto com a merda da comida e aquela bosta daquele filho da puta daquele filho da puta daquele merda de filha da puta daquele bosta daquele... Porém, como todo mau consumidor e bom moço, pagou a conta e foi embora.

Chegando a casa, ficou aliviado – tinha, enfim, o que escrever. Começou. A coluna “preocupado com o brasileiro” tratava de sua preocupação com a identidade que o brasileiro estava formando. “É um povo que abre qualquer cantina contratando péssimos profissionais, servindo uma comida de má qualidade e cobrando contas extremamente altas. É um dos grandes problemas do brasileiro.”.

A revista teve sua primeira edição lançada nos dias seguintes. Na capa, a menção ao artigo de Varela sobre a decepção com o brasileiro. Foi distribuída, lida e comentada no site, blog, Orkut, twitter, de cada um deles. A empolgação foi geral – a ideia de seu pensamento interessar a outras pessoas era fascinante.

Lançada a revista, Bruno Vianello, integrante da revista na parte de Esportes, convocou uma reunião na sua casa para que todos os participantes discutissem a próxima edição. Varela chegou mais cedo. Entrou e começaram a conversar – tinham pouca intimidade, foram apresentados pelo Odílio, colaborador da parte dos famosos. Conversaram sobre futebol, quem era a gostosa da televisão e quem não era, até que o assunto chegou em tênis.

Varela não tinha estilo certo. Para aqueles que insistem em defini-lo, ele próprio diria – Visto o que ganho de presente. Ou seja, ao abrir seu armário encontrava: camisa social, regata, camiseta largadona de surfista, camisa pólo, shortão, calça jeans, tênis de jogador de basquete, sandália de Jesus Cristo, enfim, comprovava sua própria teoria. Ocorre que como nunca comprava nada, quando não ganhava, ficava com tudo desgastado. Era o caso do tênis. Um estava rasgado e o outro grande demais – perdeu a data para trocar o produto.

Vianello o aconselhou. - Tênis? Sem problema... Eu tenho um esquema bem da hora com um amigo de colégio meu. O pai dele é contrabandista e ele me arranja tênis por 20% do preço. Qual tu vai querer? Nike, Adidas ou Puma?

Varela, fingindo achar graça, recusou. Nunca foi de se envolver com contrabando, pirataria. É o que Vianello chamaria de caxias. Percebeu a malandragem de Bruno e logo ficou sabendo que ele usava anabolizantes para parecer forte, tirava racha com o carrão do pai, ou seja, não tinha nada de semelhante com ele – Bruno, aliás, representava tudo o que ele não gostava.

Realizada a reunião – os demais jornalistas chegaram logo em seguida – Varela foi para sua casa, tão tranquilo com seu artigo, que já chegou em casa e o deixou pronto em vinte minutos. O título era: malandragem brasileira. Tratava do jeitinho que o brasileiro encontra para encontrar a melhor saída.

“O brasileiro é aquele que quando escolhe entre um tênis da loja, tributado, seguro e com garantia e um tênis de um contrabandista escolhe o tênis contrabandista. Ou é aquele que desiste ao perceber o quanto terá de fazer de esforço para emagrecer e ganhar força, optando pelo uso de anabolizantes – o caminho mais fácil. Esse é o brasileiro.”.

Ao digitar o ponto final do artigo, Varela pensou. Pensou no caixa do restaurante, no Bruno, em como eles são os modelos de seus artigos. Perguntou-se se suas experiências infelizes, cada uma com uma pessoa, foram responsáveis por uma generalização nas suas críticas. Tocou o telefone – era a Net que queria ser sua operadora – disse não e desligou. Esqueceu o que estava pensando. Mandou o artigo para o editor. Que pena.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Discriminação linguística


Minha cara Tertúlia!


Confesso-me nobrecido em me dirigir a vossas excelências. Caso estejam a celebrar seu desjejum na sua casa revestida de palombino palmirim, enquanto exsolve açúcar no seu café, peço desculpas pelo transtorno, mas suplico para reservarem um minuto de suas atenções para o macavenco, porém eivado de inadotabilidade que aqui vos fala.


Há algo nitidamente nidoroso neste país. Idealistas no estrado bradando contra o paradoxo entre apacatados e camumbembes, ou entre pálidos e nigérrimos, mas a denúncia de hoje não está devidamente explorada, até porque muitos dos idealistas d’antes citados não concordam com ela – a discriminação linguística.


Sempre houve a expressão norma culta ensinada por nossos professores na nossa infância. Sempre fomos cobrados para dominar e saber essa tal de norma culta, que é, na verdade, uma das formas de distinguir quem sabe escrever, tem cultura e dinheiro, salvo exceções, do povão, que tem a norma informal de escrever e falar.


De fato, quando se busca a leitura de um texto, busca-se construções de frases de deem dinâmica ao texto, fazendo com que o transcorrimento da leitura seja natural, fácil. A qualidade da escrita se encontra aí.


Mas a linguagem rebuscada, repleta de palavras em desuso, transforma-se em um verdadeiro código. Dominando esse código, sua nota 10 em Português é garantida. O vestibular exige o conhecimento dele, ao requisitar a leitura de obras do Séc. XIII ou XIX. São obras muito bem escritas, considerando a colocação de palavras na frase, mas frisa-se: foram escritas no Século XIII – quando não havia carro, avião, rádio, televisão, internet, globalização. Outro mundo. Outra escrita.


E outra: quem é que chega na Estação da Sé e fala para o atendente: “Eis meus 3,00 R$. Noto que falta 0,45 centavos de troco. ah! Aqui está. Obrigado por vossa dedicação”?


O preconceito lingüístico está para o preconceito como a porta de entrada está para a casa. Pessoas privadas de instrução são prejudicadas com ele, combinando diretamente com faltas de oportunidade. Normalmente, pessoas migrantes sofrem com isso – vem de outra região, cujo idioma é outro e o sotaque é extremamente diferente.


E não pense que somente pessoas discriminam. O Estado também discrimina: a prova disso é o Hino Nacional, incapaz de ser compreendido, até mesmo por quem estuda. Como a classe mais alta na hierarquia social brasileira sempre esteve no poder, o poder sempre falou como ela fala.


A necessidade de uma mudança é imediata. Mesmo porque cria uma loucura dentro do Brasil: dois idiomas de mesma origem em uma só nação. O ensino deve pregar um português único, o qual, obviamente, teria suas variações de gírias, pronúncia; os livros menos codificados, chega de obra que usa Vós como pronome – quem quiser ler, leia por prazer, mas nunca por obrigação.

A batalha contra a discriminação linguística é um grande passo para a batalha contra demais preconceitos: pobres, nordestinos, índios. A luta pela aproximação do idioma é uma parte da luta pela aproximação das pessoas.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Telmo Polleto

Telmo Polleto era unanimidade na cidade, quase uma vila, chamada de Piracuíba. Começou professor, idealista, concorreu à política logo jovem. Sua retórica simples, com simpatia de tratar o piracuibano como seu amigo de infância, conquistaram os moradores, que o elegeram para prefeito da cidade, com votação histórica.

E em Piracuíba permaneceu. Foi prefeito, vereador, secretário, prefeito de novo. Ao chegar nos seus 50 anos, o escândalo estourou. O Diário de Piracuíba denunciou que Telmo era, na verdade, corrupto. Superfaturava obras a preços incríveis, e estima-se que a fraude trouxe um rombo de centenas de milhares de reais aos cofres públicos. Seu esquema envolvia assessores, secretários, delegados, juízes, promotores e até o padre da cidade.

No dia seguinte à denúncia os jornalistas lotaram o salão de entrada da prefeitura. O que será que ele irá dizer sobre as denúncias? Se declarará inocente? – o fervor para uma declaração do maior ícone político piracuibano era intenso. Disseram que havia até um repórter regional entre a imprensa.

Eis que apareceu o prefeito, cercado por advogados da capital. Nos mais revoltados, houve o sentimento que a máscara caiu - nota-se um sorriso instantâneo forjado combinado com uma gordura farta e corporativista. O que antes era experiência passou a ser cabelos brancos indicativos de senilidade. No entanto, embora a ficha de alguns tenha caído, Telmo gozava de 70% de popularidade. A maioria acusava a reportagem de forjada, que onde já se viu tanta calúnia contra nosso ídolo.

O prefeito sobe ao palanque e revoltado diz que aquilo era uma mentira, suja, cruel, e anti-piracuibana. Negou jurando pela saúde dos filhos que nunca foi corrupto e nunca será, e mais, com ele a cidade poderia dormir tranquila. O povo, por sua vez, se sentiu aliviado, as autoridades mais ainda, a denúncia na hora ficou no passado, e tudo, naquele instante voltou ao normal.

Ao voltar à sua sala com o gosto de vitória, Telmo entra para beber a boa cachaça da região com seu melhor amigo e braço direito, Valério Bastos. Enquanto o prefeito se vangloriava de sua habilidade política, de como tinha conseguido desmascarar aquele jornal filho de uma égua, Valério ficou por um momento cabisbaixo e admitiu:

- Mas Telmo aquelas obras... Nós fomos corruptos.

O prefeito, percebendo o arrependimento de seu maior confessionário, deu dois tapinhas consoladores na coxa, incorporou sua retórica e com uma voz serena, autêntica, e didática, corrigiu:

- Reconhecidos, meu amigo, reconhecidos. Justamente recompensados por anos de serviços prestados à comunidade.

Valério se tranqüilizou. Afinal, ele não roubou, ele foi recompensado.

Uma história de dominação cultural.

Pronto socorro de um Hospital Público em São Paulo. O jovem médico Douglas, preocupado com a provável espera interminável que seus pacientes estavam sofrendo, passa a chamar os nomes.



- Senhor Washington, sua vez.



E levanta Washington da Silveira, brasileiro, filho de D. Nancy Nunes com Seu Wallace da Silveira, ambos brasileiros. Em que pese seu nome ser igual ao do primeiro Presidente dos Estados Unidos, nunca foi para lá, não sabe inglês, embora ame ouvir músicas de Chris Brown.



Após dez minutos de atendimento – Washington não sofria nada de muito grave – Douglas, olhe para a prancheta, confere a próxima pessoa da lista e chama:



- Senhor Letisgo, por favor, me acompanhe.



Eis que o paciente levanta desapontado e corrige com uma voz alta, a fim de expor Douglas para o hospital inteiro:



- Não é Letisgo não, doutor. É Let's go.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Explorando Fast Foods

Certamente você, caro leitor, já foi comer no Mac Donald's. Não sei se no mesmo que eu fui, mas acho que todos são iguais, então não faz a menor diferença. Enfim, você não vai pensando no número que vai pedir, você já sabe qual ele é -Número 2, batata grande e coca light - ele já é automático, você consegue até simular o gosto do pedido no seu pensamento. Por vezes ele acompanha um McColosso sabor caramelo.



Já está definido então qual é o número que você vai pedir. Você já pediu ele tantas e tantas e tantas vezes que você já sabe o preço da sua compra antes da atendente falar. 13,95 R$ - pensa.Você está, portanto, com seus 14,00 R$ na mão, pois sua boa alma acha que essa quantia vai facilitar o troco para o balconista. Só uma moedinha ele precisa me dar. Ruim se eu desse 50,00R$ né, coitado.



Então ocorre todo aquele procedimento de compra, pedido, aí ele não entende o que você fala, você repete, ele pergunta se acompanha um Mcqualquercoisa mais 5,00 R$ para ganhar um bonequinho do Shrek, você nega, ele fala o preço, você paga com seu dinheiro contado, aí ele pergunta:



"Você gostaria de deixar esta moedinha para as pobres criancinhas que estão morrendo de câncer do Instituto McDonald's, senhor?"



Quem é o maldito que recusa dar 0,05 centavos para as crianças com câncer? Tudo bem que é a maior chantagem pública da história essa pergunta, pois não se engane: a fila está lotada. Você sabe que as pessoas estão te olhando. Você se sente pressionado. Tudo bem também que quem é você e seu pequeno bolso perto da maior rede mundial de alimentos. Se eles dessem 1% do faturamento para crianças com câncer, já existiria a cura e, de quebra, acabaria a fome na África.



No entanto, nós, pobres pessoas, damos nossa moedinha. Nos rendemos constantemente a maior extorsão de praças de alimentação do país. Estimulamos o maldito atendente, cruel e sanguinário. Mas essa injustiça tem que acabar! A partir de hoje, convido a não dar nossas moedinhas! Diga - Dê você as suas, senhor Ronald! Aliás de mais 1/1400 avos de seus Big Mac's para tentar saciar a fome do mundo. Vamos tentar mudar um pouco as coisas por aqui - que os mais ricos deem um pouco antes de nos extorquir. Aí eu posso ajudá-los.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Gandhi

Em um mundo mais desigual e cruel do que o de hoje, a Índia, dominada pela Inglaterra, reunia mais de 3000 etnias em seu território, sem contar a maioria hindu e muçulmana. Pouco importava isso à metrópole que tinha grande interesse na mão de obra colonial, na produção de sal, bem como no destinatário de tudo isso: os próprios indianos, que pagavam preços absurdamente caros pelo material que eles próprios produziam, tudo graças ao colonialismo.

Até que certo dia a metrópole, acostumada com sim, passou a ouvir não. Não iremos trabalhar, não iremos produzir, não iremos brigar, não iremos resistir. Mahatma Gandhi iniciou a desobediência civil e conseguiu reunir, apesar de todas diferenças imagináveis, as mais variadas etnias para um único objetivo: a independência da Índia.

Com uma dignidade inabalável, depois de mais de vinte anos de sangue derramado apenas por um lado, os indianos tiveram sua independência – não havia mais como ignorar tanta injustiça e truculência por parte da metrópole.

Decretada a independência, alguns hindus começaram a achar que não deviam habitar o mesmo território que muçulmanos e viceversa. Onde já se viu tanto desrespeito? Como eu posso respeitar uma pessoa que usa turbante na cabeça? Como eu posso conviver com alguém que acha que as vacas são sagradas? Ou seja, nenhuma intolerância muito diferente da que fazemos hoje sobre travestis, templos de umbanda, pessoas que escutam tal tipo de música, ou qualquer outro grupo vítima de discriminação.

Voltando à discórdia inicial, Índia se divide entre ela e o Paquistão. Alguns ainda não ficam satisfeitos e começa uma guerra. Gandhi procura a paz. Consegue. Começa outra guerra. Gandhi procura a paz. Consegue de novo. Começa mais uma outra guerra e nesta Gandhi morre.

Dizem que os ensinamentos de vultos históricos ficam para a eternidade. Mahatma Gandhi pregava a paz entre as pessoas, a tolerância, o amor. Pena que não o ouvem muito hoje.

Um pouco sobre América Latina

O cenário político da América Latina está mudando. Chávez, Morales, Rafael Correa, Raul Castro são exemplos disso. Fazem parte de uma política de resistência contra os Estados Unidos da América. Embora líderes desse tipo em algum lugar da América sempre tenham existido, hoje se agrupam em maior número, com maior força política.

Eu já tive minha fase Soy loco por ti America, mas hoje me policio para não ser tão maniqueísta, o que, aliás, é o grande problema do discurso anti-imperialista atual. Demoniza-se os Estados Unidos, ao passo que se glorifica qualquer líder político resistente ao império. É o caso de admiradores de Hugo Chávez, por exemplo.

De fato, não há um país da América Latina que não tenha tido um golpe militar orquestrado pelo Estados Unidos – Guatemala, Panamá, Nicarágua, Argentina, Brasil, Chile, por exemplo. É um país hipócrita, que durante toda história prejudicou o povo latinoamericano com interferências políticas e massacres econômicos. Sua política externa – não apenas na Era Bush, mas desde a formação de seu Estado - de imposição prejudicou os países de língua latina a um ponto que favoreceu que totalitários ascendessem ao poder.

Seus embargos econômicos à Cuba, responsáveis pela miséria da população, a privatização da água da chuva da Bolívia (!!) por parte de suas empresas, a tentativa de golpe de Estado na Venezuela, as extorsões feitas pelo FMI fizeram com que, no mínimo, não fossem admirados pelos líderes sofridos. Com razão.

O que leva aos admiradores de totalitários, portanto, a encontrarem razão ao criticar os EUA e concordarem com a instalação de mudanças internas no país. Mas parece que se empolgam tanto, ao ponto de esquecer o fato de os admirados serem ditadores. Há presos políticos em Cuba, censura na Venezuela e uma aparente amnésia dos partidários do regime.

Não só no tocante à América Latina, mas todos os assuntos concernentes ao cotidiano devem evitar o maniqueísmo. Ele é perigoso - demoniza demais, glorifica demais. Engana demais.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ignorância Pública

Benedito Tadeu, servente de pedreiro, amava Marta, prostituta na Augusta. Marta não o amava, mas não se importava em fazer programas com ele. Terça feira Benedito Tadeu vai até ao ponto atrás de seu amor, mas fica sabendo que Marta estava no meio de um programa com Émerson, motorista de táxi, que não conhecia nenhum dos dois. Louco de raiva, Benedito Tadeu dá três tiros: um em Émerson, dois em Marta.

Edílson é corinthiano e membro da Gaviões da fiel, não necessariamente nessa ordem. Cleiton é palmeirense e membro da Mancha Verde. Nunca se conhecerem, a não ser pelo Orkut, lugar onde marcaram uma briga de soco inglês na Estação da Barra Funda. Os dois trapaceiam e levam revólveres. Cleiton atira primeiro.

Adriano é morador de Heliópolis e assíduo frequentador do Bar do Josias, logo na saída da favela. Gosta do combinado pinga com querosene, o qual custa 0,50 centavos a dose. Gasta 15 reais no mesmo bar. Josias não aceita o pindura e Adriano não tem dinheiro. Até aí tudo caminhava bem, até que Josias chamou Adriano de corno, que, puto da vida, deu três facadas, causando a morte do dono do bar.

Benedito Tadeu, Cleiton e Adriano são unidos pelo elo da ignorância que assola o país. São semi-analfabetos, pobres, provavelmente negros. Não são bandidos, embora tenham cometido crimes. Sofrem com a falta de instrução do ensino público, que, segundo as histórias de meu pai, já foi bom, mas hoje é irônico e cruel ao se autodenominar de ensino.

Não me espanta que queiram criar o Ministério da Segurança. Essa política própria para a classe média procura criminalizá-los, ao invés de educá-los. Sobra cara de pau. Falta Educação.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Apoio Político

Sempre fui um fã de política. Penso em como a política fez e faz o mundo como ele é hoje. Não nos enganemos, tudo é política - o hospital onde nós nascemos, o lugar onde nossos pais ou nossas mães trabalham, as escolas onde nós estudamos - tudo passa pelo crivo da admnistração pública, seja pela Prefeitura, Câmara, Assembleia Legislativa ou Congresso. Por isso que eu não consigo me conformar com aquele que enche o peito pra dizer - eu odeio política. Já dizia o poema de Brecht que o analfabeto político é o pior dos analfabetos. Ainda mais num país como o Brasil, onde temos eleitores de políticos mensaleiros, coronel que mata 111 presos e ainda usa esse número como número eleitoral, ou um político, cujo lema de seus eleitores é: rouba, mas faz.

Esse é o problema do brasileiro: seu conformismo. É o conformista que, ao ver um esquema como o da Máfia do Mensalão, se indigna, fica muito puto, vai pro bar falar como esses safados não valem nada, volta pra casa e dorme. E lá continua dormindo, inclusive nas eleições. E, como se não bastasse, enche o peito pra dizer: ah! nem tem como não virar ladrão lá dentro. Ou é ladrão, ou fica fora do esquema. Bom senhores, vocês podem pensar assim, mas eu não. Não ficarei aqui sentado em frente a tv, comendo amendoim e xingando sem sabe o porquê, enquanto meu país foi entregue às mãos de jumentos, que estão lá, ou pelo nosso voto, ou porque o anulamos.

Não estou sendo aqui um cara nostálgico - sempre tem um tiozão que diz que na época dele a galera era mais politizada, consciente e revoltada - até porque não vivi essa época. Mas o brasileiro, em geral, precisa se conectar um pouco mais com o que estão fazendo com o preço do pão dele, e deixar de votar em Clodovil, Mulher Melão e Dra. Havanir, pessoas que, apesar de engraçadíssimas (não há nada melhor que ver a Dra. Havanir socando a mesa em horário eleitoral, que é, aliás, um saco), claramente não estão na posição de nos representar.

E para cair como uma luva na motivação contra esses jegues, meu pai, Roberto Tardelli, resolveu se pré-candidatar ao cargo de Deputado Estadual. Não ficarei aqui dizendo do quanto me orgulho de tê-lo como pai, ou de sua luta política. Direi que ele é a pessoa certa para entrar no mundo legislativo: correto, motivado, mente fresca e cheia de ideias. Peço para que entrem nessa luta para elegê-lo. Falem com o pessoal de casa, com os amigos, vão às urnas e pensem se vocês realmente querem ver Kleber Bam Bam e Dinei na tribuna legislativa. Conto com o apoio de vocês.

Tema fitness

Gostaria de compartilhar um tema contigo. Dica para ser meu amigo: caso você, leitor, seja uma pessoa que goste de sentar em um barzinho, pedir uma cerveja e ficar jogando conversa para o ar, eu sou a pessoa certa. Por outro lado, se você for aquela pessoa que gosta de gastar horas de seu dia no pior lugar do mundo, ou em outras palavras, gosta de ficar na academia malhando, eu não sou o que você busca em uma amizade. E olha que eu até me arrisco em um futebolzinho em alguns finais de semana.



Tenho verdadeiro pavor de “supinos”, “leg press” (?), “cadeira adutora” (?!) e afins. Como eu sei todos esses nomes? Acredite, eu tentei. Tentei entender a diversão que o povo acha em ficar em frente ao espelho, puxando ferro e olhando o bíceps. Tentei pensar: “Meu dia não é dia se não passo 50 minutos em uma esteira básica”. Tentei. Juro que sim. Mas falhei.



Aliás, sou uma pessoa que sempre procura estar atualizado com a tendência da sociedade. Por exemplo, nunca se viu tanto vegetariano quanto hoje. Percebendo isso, lá fui eu degustar um excelente prato de rúcula com quiabo, acompanhado com molho de abacate. Fui persistente. Durou 2 dias. Sou da teoria de que se alface fosse bom, absolutamente saboroso, haveria rodízio. Já pensou? Você vai a um restaurante de rodízio de verduras (como se isso existisse), senta na mesa, o garçom chega com a maldita rúcula e você fala:”Não, Não moço! Estou esperando a salada de alface com beterraba. E traga ao ponto, por favor.”



Entendeu? O ramo gastronômico é um ramo intensamente explorado por empresários – temos comida árabe, baiana, chinesa, francesa, gaúcha, italiana, japonesa, tailandesa, enfim nos mais diversos ramos – mas nós não temos rodízio de verduras. Não há. Se há, o dono está falindo. O que me leva a uma conclusão: nós não gostamos de rúculas e quiabos e afins. Nós os suportamos. Pronto, falei. Não me venha com papo de vegetariano falando que é mais gostoso. Abra um restaurante de rodízio disso e veja se não irá falir.

Era isso.

Me sinto mais leve agora.

Até outra.